Revolução Francesa (3 de 4): A Convenção Nacional


A Convenção Nacional (1792-95)


A primeira atitude da Convenção foi abolir a monarquia e proclamar a República. Tentava-se instaurar um novo tempo, para tanto se formulou, inclusive, um novo calendário, com a finalidade de marcar uma nova era. 


Nesse momento de grande agitação política e da transição da Assembleia Nacional para a Convenção Nacional havia quatro grupos políticos em cena:


  • Girondinos – Inicialmente eram os deputados eleitos pelo Departamento de Gironde, representantes da burguesia industrial e comercial. Eram contra a participação popular na revolução, uma vez que essa participação poderia significar alterações em relação à propriedade privada. Defensores da monarquia parlamentarista queriam que Luís XVI retornasse ao governo, contudo, perdendo sua autoridade com a criação de um parlamento (Esses deputados se assentaram  do lado direito da Convenção, dando origem à ideia da “direita” ligada ao conservadorismo).


  • Jacobinos – Os jacobinos eram um grupo de que se reuniam no Convento Dominicano de São Tiago (em latim, Tiago se escreve Jacob, daí jacobino), representavam especialmente a pequena burguesia. Inicialmente moderados, a partir de 1792 vão adquirindo sob o comando de Robespierre um caráter mais radical. Desejavam aprofundar a revolução e defendiam a república. (se posicionaram do lado esquerdo, originando uma concepção de “radicalismo” para a “esquerda”).


  • Cordelliers - O nome deriva do fato de seus membros se reunirem no Convento Franciscano dos Cordelliers de Paris. Eram moderados, defendiam a república e estavam alinhados com os interesses da pequena burguesia e da melhoria das condições de vida dos mais empobrecidos.


  • Sans-culottes - Composto por pessoas das classes mais baixas, como camponeses e artesãos, por isso consideravam-se os verdadeiros representantes do povo. Embora não tivessem muita voz ativa dentro da esfera política eram os mais ativos nas ruas, fazendo passeatas e muitas vezes enfrentando a polícia.


Porque a roupa deles é diferente: em vez do calção até o joelho e das meias usadas pelos burgueses e aristocratas, eles vestem uma calça (geralmente listrada) – é daí o apelido, inicialmente depreciativo, mas que depois será motivo de orgulho para eles. Vestem também um pequeno colete, a carmanhola, e trazem na cabeça o barrete frígio (uma boina vermelha) da liberdade com a insígnia”. (Michel Vovelle. A Revolução Francesa explicada à minha neta, 2005. Adaptado.)


Vale ainda ressaltar a divisão espacial dos grupos políticos. As tribunas ficavam localizadas na direita e na esquerda com tribunas altas e baixas. Os girondinos e os cordelliers se sentavam na direita, ao passo que os jacobinos se posicionavam à esquerda. Contudo, havia as tribunas altas, e quem as ocupava eram chamados de “montanheses”, sendo que independente do partido político eram os mais radicais. Era comum ver nas tribunas altas figuras como Robespierre, Marat e Danton. Por outro lado, quem sentava nas tribunas baixas eram chamados de “planícies” sendo mais moderados. Assim, figuras como Marat e Danton, embora fossem cordelliers, mostravam seu caráter mais radical se posicionando nas tribunas dos montanheses. 


Para piorar a situação do rei, os revolucionários franceses descobriram o cofre da família real documentos e a troca de correspondência entre Maria Antonieta e monarquias europeias, fornecendo subsídios para a acusação dos monarcas. Em 1793 a Convenção declara o rei Luiz XVI culpado de traição, condenando-o à morte, o que acontece na guilhotina, em plena praça pública. Pouco depois seria a vez de Maria Antonieta passar igualmente pela lâmina da “navalha nacional”. Como seria de se esperar, a execução do monarca francês gera muitas reações, principalmente de países estrangeiros.


Em 2 de julho de 1793 os jacobinos, com o apoio da guarda nacional cercam a Convenção Nacional, tiram os girondinos do poder e se declaram em estado insurrecional, é o início da Convenção Montanhesa e da radicalização da revolução, o terror efetivamente entre em cena. Criam-se órgãos especiais para defender a revolução: 



  • Comitê de Salvação Pública - Exercia o poder, composto por nove membros. O comitê tinha como principais funções comandar as atividades militares e as finanças públicas.


  • O Comitê de Segurança Geral - Tinha autoridade para investigar, julgar e condenar os crimes políticos contra a revolução, funcionando como uma polícia política.



  • O Tribunal Revolucionário (responsável investigação e julgamento sumário dos suspeitos). Criado pelo girondino Danton será amplamente utilizado pelo jacobino Robespierre (chamado de o “incorruptível”) como instrumento para caçar e punir qualquer suspeito de ser contra revolucionário.


Começa o período de terror da revolução, um período de radicalização, onde serão perseguidos e guilhotinadas milhares de pessoas. 


Principais medidas do governo Jacobino:


  • Aboliu a escravidão nas colônias;

  • Ensino público e gratuito;

  • Confisco das propriedades da nobreza emigrada;

  • Reforma agrária;

  • Criação de um novo exército, com ampla participação popular;

  • Direito à insurreição popular.


Contudo, o terror levado a cabo pelos jacobinos, aliado à execução de figuras populares como Danton fez com que perdessem apoio, abrindo espaço para a alta burguesia tomasse o poder instaurando um governo de caráter moderado: o Diretório.


Sendo assim, em 9 de Termidor ou 27 de julho, os "jacobinos negros" como ficaram conhecidos a ala mais radical e violenta do jacobinismo, a qual era liderada por Maximilien de Robespierre, foram atacados. Inicialmente o ataque ocorreu no Hotel de Ville naquele dia, mas Robespierre entre outros companheiros conseguiram fugir, indo se refugiar no Clube dos Jacobinos. Pela noite a polícia cercou o local e o invadiu. Alguns jacobinos haviam cometido suicídio, inclusive o próprio Robespierre tentou se matar com um tiro na boca, mas a bala saiu pelo maxilar.”(Michel Vovelle. A Revolução Francesa explicada à minha neta, 2005. Adaptado.)

Na imagem um sans-culottes assiste a execução do rei Luís XVI. Descansando o pé na cabeça de um clérigo o revolucionário toca violino em uma cena aterradora. Próximo à plataforma outros revolucionários assistem a cena (repare nos gorros) e ao fundo uma Igreja arde em chamas.

Nessa imagem, os revolucionários são tratados pela imprensa inglesa de forma animalesca. No momento em que líderes da revolução não condenaram a morte brutal dos guardas que tinham a função de proteger a Bastilha, abria-se uma porta para o terror revolucionário.


Imago História

Um comentário:

  1. Muito bem explanado! Adorei a explicação da diferença entre Girondinos e Jacobinos. Vou pegar essa informações pra fazer um trabalho hehe!
    Ótimo blog, está de parabéns!

    Victória

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