Roma (5 de 9) - A crise da República, os irmãos Graco, a ditadura de Mario e a Revolta de Spartacus


As conquistas fabulosas do Império Romano fizeram com que os patrícios, que detinham o controle dos ganhos obtidos nas guerras de expansão, se tornassem ainda mais enriquecidos. Por outro lado (excluindo os clientes) a maioria da plebe tornou-se ainda mais empobrecida. 



Os plebeus além de não terem participação nos lucros obtidos com a guerra sofriam com o resultado das conquistas. As províncias conquistadas eram obrigadas a pagar tributos aos romanos e esse pagamento era feito na maioria das vezes por meio de produtos, o que prejudica a agricultura e comércio que até então eram de responsabilidade da plebe. Muitos plebeus simplesmente perdiam a possibilidade de produzir e conseguir a sua subsistência.

Temos, portanto, uma Roma rica, mas uma população romana cada vez mais empobrecida. Uma vez que não obtém sua subsistência, gradativamente milhares de pessoas deixam o campo e começam migrar para a cidade de Roma, buscando alguma alternativa. Existem expectativas de que Roma chegou a abrigar uma população de um milhão de habitantes, que em sua maioria viviam em péssimas condições de vida.

Temos que levar em conta que as conquistas romanas tiveram outro efeito colateral: como afluíam grandes levas de escravos para dentro do Império Romano, gradativamente, todo o sistema de produção acabou sendo dominado pela mão-de-obra escrava, massificando o desemprego entre os romanos. 

Devemos lembrar que Existiam escravos que trabalhavam no campo e escravos urbanos, que trabalhavam em serviços domésticos. Assim o trabalho escravo gradativamente irá substituir o trabalho realizado pela plebe, criando um cenário de extrema instabilidade.

Com a expansão do número de escravos e a dispensabilidade dos plebeus, as greves que outrora surtiu efeito (como a Greve do Monte Sagrado) simplesmente não obtinham os mesmo resultados. Ocorria em Roma um descompasso entre a massa de plebeus e a insuficiência de postos de trabalho tendo em vista uma nova organização da sociedade, agora preponderantemente com a estrutura escravista. 

Outra consequência da expansão territorial e das conquistas foi o fortalecimento da classe dos guerreiros que se espalhavam por todas as regiões dominadas por Roma e especialmente dos generais legionários. Os generais deveriam obediência ao Senado romano, contudo, muitas vezes o tempo decisório e de transmissão dos comandos, fazia com que os generais passassem a estabelecer suas próprias decisões, exercendo uma forte e perigosa autonomia em relação ao poder do Senado.

O Senado transformou-se em algo insuficiente, sendo enfraquecido pela gradativa autonomia dos generais que comandavam e mantinham suas tropas sob seu controle. O resultado foi que cada vez mais os soldados tornavam-se leais a seus generais, esperando as compensações financeiras. Esse cenário fez com que vários generais se tornassem incrivelmente poderoso, a ponto de procurar centralizar o poder em sua mão. 

Tentativas de reformas: os irmãos Graco

Em 133 a.C. Tibério Graco – que havia participado da guerra contra Cartago – assume a condição de Tribuno da Plebe, com a proposta de conceder terra para os pobres (reforma agrária). Tibério Graco pensava em solucionar o problema do desemprego e do êxodo rural distribuindo as novas terras conquistadas pelas legiões para aqueles indivíduos da plebe que não tinham terra. 

Assustados com a proposta de Tibério o Senado acusa-o de tirania e sacrilégio, sendo assassinado em 126 a.C. a mando dos patrícios. Devemos lembrar que o Tribuno da Plebe era considerado inviolável e o assassinato do representante da plebe comoveu o povo que passou a pressionar o Senado até que conseguiu alçar ao cargo de Tribuno o irmão de Tibério, Caio Graco (no ano de 123 a.C.).

Caio Graco manteve a mesma insistência na proposta do irmão e acaba tendo o mesmo fim trágico, sendo obrigado a cometer suicídio (em 121 a.C.). A partir desse momento o Senado entra em uma grave crise, com contínuas disputas com a plebe e gradativo fortalecimento dos generais legionários, até que em 107 a.C. o general Mario toma o poder como ditador.


Mario terá um longo governo, privilegiando em vários aspectos a plebe romana. Contudo, em 86 a.C. os patrícios retomam o controle de Roma por meio do general Sila, que é o primeiro general a marchar com suas legiões em Roma, derrubando os populares do poder. Sila retira todos os benefícios que Mario havia cedido para a plebe e passa a perseguir seus representantes e matá-los. Vários membros do Senado que apoiavam a plebe têm suas cabeças decapitadas e o próprio filho de Mario é supliciado com extrema crueldade até a sua morte. Depois de anos de uma governo extremamente violento em 79 a.C. Sila retira-se da política romana.

Com a saída de Sila como era de se esperar, os partidários da plebe voltam a se fortalecer e novamente Roma é lançada à anarquia. O Senado perde a sua representatividade junto à plebe e as revoltas começam a pulular.

A mais famosa das revoltas de Roma foi a dos escravos liderados por Spartacus (em 73 a.C.). Trata-se de um grupo de gladiadores que lideraram uma revolta que balançou o Império Romano, contando com um exército com mais de cinquenta mil homens. 

Spartacus e seus seguidores almejavam retornar para as suas terras de origem, mas Roma não cederá, e com a ameaça de um ataque total a cidade, o Senado concede amplos poderes para o general Crasso e Pompeu organizarem um grande exército com mais de cem mil legionários. 

Depois de seis meses de conflitos sangrentos os generais romanos conseguem controlar a revolta dos escravos, matando Spartacus e aplicando uma pena exemplar: três mil gladiadores crucificados na Via Ápia e mais 600 empalados dentro dos limites da cidade de Roma.


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