Revolução Chinesa (2 de 2) - As Quatro Modernizações e o Massacre da Praça da Paz Celestial


Com a morte de Mao Tsé-tung em 1976 o Partido Comunista Chinês agora liderado por Deng Xiao Ping adotou uma nova política econômica conhecida como as “Quatro Modernizações”. Trata-se da adoção de mecanismos capitalistas para o desenvolvimento do socialismo, ou em outras palavras, mantêm-se a ideologia marxista, mas na prática recorre-se a métodos capitalistas para gerar riqueza e levar a igualdade e prosperidade ao mundo socialista. 


Quatro grandes áreas deveriam ser modernizadas: agricultura, indústria, tecnologia e defesa do país. 

Na área agrícola o governo chinês abandonou o fracasso das Comunas Populares, distribuiu terras a famílias camponesas, obrigando-as a vender parte da produção para o Estado, sendo que o restante da produção poderia ser vendido no mercado. A medida dinamizou a economia, elevou a renda das famílias e resolveu o problema crônico do abastecimento. 

Para o desenvolvimento industrial a China recorreu ao capital estrangeiro criando as Zonas Econômicas Especiais, com o objetivo de atrair indústrias estrangeiras para o país. Essas empresas que quisessem se instalar na China deveriam se associar a uma empresa privada ou estatal do país. Na prática o que ocorreu (uma vez que a China não respeita a propriedade intelectual) foi a apropriação da tecnologia pelas empresas estatais chinesas ou pelos associados privados, que passaram a vender imitações de produtos ocidentais e de marcas famosas (com qualidade duvidosa) por preços muito abaixo da mercadoria original. 


Deve-se levar em conta que parte do desenvolvimento industrial chinês deve-se ao êxodo rural que levou milhares de pessoas para a cidade e a gigantesca oferta de mão-de-obra barata. Jornadas exaustivas de até 14 horas salários ínfimos a ausência de direitos trabalhistas, a proibição dos sindicatos e greves e a dura repressão tornaram os produtos chineses extremamente baratos, vencendo com o suor dos trabalhadores a concorrência internacional. Para ilustrar o apetite da economia chinesa entre 1990 e 2000 as exportações cresceram 900%. Desde o início da década de 1980 a economia chinesa cresce ao um ritmo médio de 9,5% ao ano.

A partir de 1997 mais um salto foi dado em direção ao capitalismo com a privatização das empresas estatais, com exceção de setores estratégicos como armamentos, química, energia e grãos. O custo do desenvolvimento industrial em uma nação com mais de 1/5 da população mundial (mais de 1,3 bilhão de pessoas) é a impressionante degradação ambiental ocasionada pela queima de combustíveis fósseis, em especial o carvão. Estima-se que das 20 cidades mais poluídas do mundo pelo menos 15 estejam na China. 

Na década de 70, quando a China realizou manobras para uma aproximação com os EUA. Essa aproximação trouxe para a China uma regalia que ela não havia conseguido como aliada da URSS: seu reconhecimento como um governo legítimo. Após esse reconhecimento, a China entrou para a ONU, inclusive, como membro permanente do Conselho de Segurança.

O massacre na Praça da Paz Celestial

Apesar da abertura para o capitalismo o Partido Comunista manteve a ideologia socialista e o autoritarismo o que levou a população a protestar contra o governo chinês. Um dos momentos mais emblemáticos ocorreu em de abril de 1989 quando manifestantes, em sua maioria estudantes, se reuniram na Praça da Paz Celestial em Pequim em numero superior a 100 mil para protestar contra a corrupção a falta de liberdade e as condições de trabalho. 

No começo de maio o governo chinês decretou lei marcial e no mês seguinte atacou duramente os manifestantes. Calcula-se que tenham morrido entre 1000 e 5000 manifestantes. No dia posterior ao massacre os estudantes voltaram a protestas, quando ocorreu uma das cenas mais conhecidas do século XX: um manifestante postou-se diante de um coluna de tanques com o objetivo de impedi-lo de passar, trata-se do famoso “rebelde desconhecido”. 




Imago História

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